quarta-feira, 9 de maio de 2012

52- Candidatos em Zurich 1953

O simpático GM David Bronstein (1924-2006) foi um dos enxadristas mais criativos e originais da Escola Russa e criticava o excesso de estudos e análises que abordavam o Xadrez como ciência. Para ele, tratava-se basicamente de uma possibilidade artística em forma de luta.
Isto não impediu que ele escrevesse alguns livros, destacando-se aquele popularmente conhecido como "Zurich 53", onde ele faz comentários focando nos conceitos, discutindo mais as idéias, e apresentando apenas as variantes necessárias para justificar suas opiniões. É um estilo leve, muito eficaz para ensinar o essencial.

O Torneio de Candidatos ao campeonato mundial realizado na cidade suiça de Zurich em 1953 foi um dos mais fortes e importantes da história do Xadrez, segundo opinião da maioria dos entendidos, pois foi um divisor de águas para novas concepções, o início da evolução do moderno jogo dinâmico.

Reuniu a elite do xadrez mundial da época, e consolidou o predomínio dos soviéticos, que realmente apresentavam um nível de jogo superior: Smyslov, Bronstein, Keres, Geller, Petrosian, além de Kotov e Averbach. O estilo clássico de Smyslov permitiu-lhe vencer o torneio com segurança e ele qualificou-se como desafiante do campeão mundial, a quem venceu posteriormente em match individual no ano seguinte.

Como curiosidade, em 1973 tivemos oportunidade de conhecer pessoalmente os 4 primeiros da lista, que vieram disputar o Interzonal de Petrópolis, e que muito nos impressionaram. Além da força de jogo, exibiam um imperturbável equilíbrio emocional, muita educação e polidez no trato com qualquer pessoa, além de simpatia - que no caso de Bronstein era transbordante: acabou amigo de todos nós.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Entre os jogadores ocidentais, apenas os GMs Reshevsky e Najdorf (dois poloneses de nascimento, porém ambos naturalizados: um americano e o outro argentino) tiveram condições técnicas de enfrentar os russos com sucesso. O ex-campeão mundial, holandês Max Euwe ainda mostrou a sua classe, mas sem chances.

O livro escrito pelo GM russo David Bronstein é considerado um dos clássicos da literatura enxadrística e citado como obra fundamental por todos os especialistas e mestres das gerações posteriores. Bronstein era na época vice-campeão mundial, após ter empatado um longo match com o então campeão Mihail Botwinnik em 1951.
Talvez por causa da chamada "guerra fria" entre capitalismo e comunismo, desde o término da II Guerra Mundial até o final dos anos 80, este livro publicado em russo somente foi traduzido para o inglês mais de 20 anos depois. Não tínhamos notícia de edição em espanhol, até encontrar a referência abaixo:  


Além da maior facilidade da língua, esta publicação agregou aquele que parece ter sido o único livro escrito pelo grande Miguel Najdorf, que também analisou suas partidas e os embates memoráveis deste torneio. Desta maneira, há partidas que apresentam lado a lado os pontos de vista de ambos os comentaristas, sem dúvida dois dos maiores mestres de todos os tempos.


Esta é uma obra que não está disponível comercialmente e que também pode ser apreciada de uma outra maneira, dentre as muitas opções que o Xadrez nos proporciona. Pode-se acompanhar as partidas rodada por rodada, degustando os comentários sobre os participantes, o ambiente e o andamento da competição, revivendo assim o clima e as emoções de cada momento.
Esperamos que vocês curtam e façam bom proveito!

Nenhum comentário:

Postar um comentário