quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

47- Segredos da posição 2

Há de fato dois tipos de jogadas no Xadrez:  os movimentos propriamente ditos e as trocas de peças. Muitas vezes uma troca de peças pode alterar a situação na partida de maneira irreversível. Por isso, é muito útil desenvolver a percepção de quando é conveniente buscar efetuar uma troca ou quando isto deve ser evitado a todo custo.
Balashov - Karasev, Camp. Russo 1971
Aquí Karasev resolveu simplificar a posição e ao mesmo tempo eliminar um dos dois bispos brancos, jogando 17...Bf5

Esta posição já tinha ocorrido antes, numa partida entre Fischer e Larsen, em Santa Mônica 1966, na qual o criativo GM dinamarquês encontrou uma boa continuação para as pretas:
17...Ce7 18. Cd4, Bf5 19. Cxf5, Cxf5 20. Bd2, Dh4 e nesta posição os cavalos mostraram uma surpreendente força sobre o par de bispos brancos, decidindo a partida rapidamente:
21. Df1, Cc5 22. g3, Dc4 23. Dg2, Cd3 24. Bxd3, Dxd3 25. Bg5, c6 26. g4, Cg7 27. Te3, Dd2 28. b3, b4 29. Dh3, bxc3 30. Dh6, Ce6 e as brancas abandonaram 0-1.
 Nesta partida entre os mestres russos, após a troca dos bispos com 18. De2, Bxc2 19. Dxc2 seguiu-se o lance 19...Dd7? que não levou em conta a necessidade de proteger as casas pretas enfraquecidas pelo avanço do peão g6 e pela ausência do seu bispo de casas pretas - era melhor ter jogado 19...De7 para defender o peão d5 com a torre de a1 e poder pressionar o peão branco e5, poder avançar depois o peão de f7 para f6 ou defender o roque com Df8. A partida continuou com 20. Tad1, Tad8 21. Dc1, Ce7 22. Bg5! (ameaçando montar uma rede de mate com Bf6 e depois Dh6), Cxg5 23. Cxg5 (ameaçando agora com a perigosa manobra Ce4 e Cf6+, seguido de Dh6).
Aquí as pretas jogaram 23...Cc6 preparando-se para entregar a dama após 24. Ce4, dxe4 25. Txd7, Txd7 buscando assim complicar o jogo. Mas Balashov preferiu entrar num final favorável e mais seguro:
24. Df4 (se agora 24...De7 segue 25. e6), Df5 (buscando aliviar o ataque em troca de dobrar os próprios peões) 25. Dxf5, gxf5 26. e6! fxe6 27. Cxe6, Td7 28. Cc5, Tde7 29. Txe7, Txe7 30. Cxa6, Te2 31. Cxc7, Txb2 32. g3, f4 33. gxf4, Txa2 34. Txd5, b4 35. cxb4, Cxb4 36. Td7, Ta7 37. Rg2, Cc6 e as pretas excederam o limite de tempo 1-0, mas a partida já estava tecnicamente decidida.
A troca de bispos com 17...Bf5 iniciou um plano de jogo equivocado que levou a uma posição perdedora.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

46- Assembléia da FEXERJ

CONTAS DA DIREÇÃO DA FEXERJ SÃO REPROVADAS E DIRIGENTES QUESTIONADOS

Os Membros da Assembléia Geral da Federação de Xadrez do Estado do Rio de Janeiro, reunidos no Clube Municipal nesta sexta-feira dia 10, determinaram que o parecer apresentado pelo Conselho Fiscal da entidade foi insuficiente ao discriminar a movimentação financeira da Fexerj no período de 2010.

Verificou-se que não existia a devida capacidade técnica para se aprovar as contas do ano de 2010 da FEXERJ por falta de documentos fiscaisFoi solicitado o boletim diário de notas fiscais . O mesmo não foi apresentado.

Foi determinado que, mediante o fato das contas serem reprovadas, a direção da FEXERJ fica legalmente impedida de gerir a entidade.
Com base no Parágrafo Único do Art. 23 da lei n° 10.672/2003, a Assembléia Geral determinou o afastamento preventivo e imediato dos atuais dirigentes, eleitos ou nomeados.

Nova Assembléia Geral foi marcada para 17/3, com a finalidade de regularização da entidade.

A diretoria afastada ficou notificada do prazo de 30 dias para apresentar a defesa perante a Comissão de Contas, em virtude da reprovação das contas do ano de 2010.

FONTE: site do TTC - Tijuca Tênis Clube http://xadrezttc.blogspot.com/ postagem de 11/02/2012.
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Segundo relatos de representantes de entidades filiadas que participaram desta Assembléia, o ambiente foi muito tenso, havendo o atual Presidente comparecido acompanhado de advogado e seguranças.
Dentre os 5 filiados não  listados na Convocação, assim considerados "sem direito de votar", compareceram e participaram  representantes do NXN (Niterói), CXM (Mendes), CFXC(Cabo Frio) e CXTR(Três Rios) tendo este último conseguido ter reconhecido seu direito a votar, no início dos trabalhos.
Duas pessoas apresentaram-se  com procurações em nome do JTC(Jacarepaguá) alegando ambos serem o representante oficial. Após avaliação pelos Membros da Assembléia, apenas um deles foi considerado o legítimo representante, que entretanto não ficou até o momento da votação.
 
Reprovaram a prestação de contas da atual gestão: ALEX, AXXM (Xeque Mate), CXV (Vassouras), TTC (Tijuca), CXTR (Três Rios), CXP (Petrópolis) => 6 votos
Aprovaram a prestação de contas da atual gestão: ADUX (Duque de Caxias), CXM (Macaé), CXGR (Grande Roque), CMUN (C. Municipal) e CFCSN (Volta Redonda) => 5 votos
Abstenções: HSCER (Hebraica) e AABB-Rio
Em resumo: contas reprovadas por 6 x 5 computando-se ainda 2 abstenções.

Após o resultado da votação, em dado momento o Presidente encerrou bruscamente a Assembléia, com o que não concordaram os demais participantes, que continuaram a deliberar após sua intempestiva decisão e sua subsequente saída do recinto.
Os trabalhos se alongaram até cerca de 3:00 horas da manhã, com as decisões relatadas acima.
Muitos consideraram isso uma vitória da legalidade sobre a arbitrariedade da atual Direção da FEXERJ.

Ver depoimento do Dr. Patrick Monnerat no blog do CXTR: http://clubedexadreztresrios.blogspot.com/

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

45- Conselho: calcule um lance a mais

Conselho dos mestres: Ao analisar, procure calcular um lance a mais do que você tem costumado fazer.

Rowson - Yermolinsky, 2002
 No livro que publicou sobre suas partidas, o GM Laszlo Szabo lamentou ter perdido muitas oportunidades por interromper cálculo de variantes cedo demais. Ele costumava analisar até 3 lances, pois geralmente isto é suficiente. Após avaliar 3 lances na variante, caso não lhe agradasse, ele descartava a alternativa e tratava de procurar outro lance "candidato" para analisar.

Acontece que muitas vezes, ao analisar as jogadas após terminada a partida, ele percebia que o primeiro lance candidato escolhido era mesmo o melhor, e isto teria ficado claro se ele tivesse visto um lance a mais.
Portanto, é recomendável analisar um lance a mais, após haver calculado uma variante, mesmo já tendo achado que era suficiente.
Isto pode evitar desgraças como ocorreu na partida ao lado, onde as pretas poderiam ter defendido o peão a7, mas avaliaram que poderiam fazer um lance mais ofensivo jogando 1...Dc2 atacando ao invés de se defenderem.
 
Yermolinsky viu que após 1.Dxa7 poderia jogar 1...Dc2 e após 2.Td2, Dc1+ 3.Rh2, jogaria Bg5.´
Aí então as brancas poderiam jogar 4.Td3, e após 4...Bf4+ 5.g3 jogaria 5...Df1 ganhando.
Analisou também a alternativa 4.Te2 e conclui que daria no mesmo: 4...Bf4+ 5.g3, Dd1 ganhando.
Acontece que na partida, após 5...Dd1 as brancas jogaram 6.Cg1 e agora as pretas tiveram que mover o Bispo e ficaram com uma posição perdedora: era preciso ter visto um lance a mais.
As pretas falharam porque calcularam um lance a menos do que deveriam!